Mercados emergentes: Índia, Vietnã e Indonésia lideram

Os mercados emergentes asiáticos protagonizam uma transformação econômica sem precedentes. Índia, Indonésia e Vietnã destacam-se.

Os mercados emergentes asiáticos protagonizam uma transformação econômica sem precedentes. Índia, Indonésia e Vietnã destacam-se como os principais motores desse crescimento acelerado, redesenhando o panorama econômico mundial e atraindo bilhões em investimentos internacionais.

Esses três países combinam jovens populações, reformas estruturais e políticas industriais estratégicas. O resultado é uma trajetória de expansão que supera consistentemente as economias desenvolvidas.

Índia consolida posição entre gigantes econômicos

A Índia registra números impressionantes em 2025. O país deve sustentar um crescimento de 6,6% do PIB, segundo o FMI. No primeiro trimestre do ano fiscal, o PIB cresceu 7,8%, superando projeções e consolidando o país como uma das economias que mais crescem no planeta.

Com mais de 1,4 bilhão de habitantes, a Índia caminha para se tornar a quarta maior economia mundial. As projeções indicam que o país deve alcançar um PIB de US$ 4,187 trilhões em 2025, superando o Japão. Essa ascensão meteórica reflete décadas de reformas econômicas e investimentos estratégicos.

O setor privado indiano assume papel cada vez mais relevante. Na Índia, o setor privado impulsiona o crescimento, beneficiando-se da redução da interferência estatal e fomentando mercados competitivos. Empresas de tecnologia, manufatura e serviços lideram essa expansão.

A reforma tributária implementada recentemente se tornou um diferencial competitivo. O FMI argumenta que essa reforma compensa as pressões de custos decorrentes das tarifas, funcionando como um amortecedor doméstico. Essa modernização tributária estimula investimentos e reduz custos operacionais.

Gigantes tecnológicos globais já transferem operações para o território indiano. Apple, Samsung e Foxconn expandem sua presença fabril no país, diversificando cadeias produtivas antes concentradas na China.

Vietnã surpreende com crescimento robusto

O Vietnã se consolida como um dos países mais dinâmicos da Ásia. O Banco Mundial prevê que o Vietnã manterá um crescimento estável de 6,6% em 2025. No primeiro semestre, o PIB aumentou 7,5%, acima dos 6,5% no mesmo período em 2024.

A manufatura vietnamita demonstra força notável. No terceiro trimestre de 2025, o PIB subiu 8,23% ano a ano, superando a estimativa média de 7,15% dos analistas. Exportações e investimento estrangeiro direto sustentam esse desempenho excepcional.

O país asiático estabeleceu metas ambiciosas de longo prazo. O Vietnã planeja garantir que a partir de 2025 o país tenha um crescimento econômico superior a 10% ao ano. Essas projeções refletem confiança nas reformas estruturais em andamento.

O turismo também contribui para a expansão econômica. A receita de serviços deverá crescer mais fortemente em 2025, com os serviços de hospedagem e alimentação aumentando 16,2%. A retomada do fluxo de visitantes internacionais, especialmente chineses, impulsiona esse setor.

O Vietnã destaca-se ainda na produção de energia renovável. O país lidera a Associação de Nações do Sudeste Asiático na capacidade de energia solar e eólica, fornecendo dois terços da produção do bloco.

Indonésia mantém trajetória sólida de crescimento

A Indonésia, maior economia do Sudeste Asiático, mantém desempenho consistente. A OCDE projeta crescimento de 4,7% em 2025, com leve alta para 4,8% em 2026. O país equilibra políticas monetárias flexíveis com disciplina fiscal.

Com um PIB que deve atingir US$ 1,513 trilhões em 2025, a Indonésia se posiciona como potência regional. O Banco Central manteve recentemente sua taxa básica em 5,50%, depois de um corte de 25 pontos-base. A inflação controlada permite ajustes graduais na política econômica.

O governo indonésio adota medidas para estimular a demanda interna. Foi lançado um pacote de estímulos de US$ 1,5 bilhão com subsídios no transporte e auxílio a famílias. Essas iniciativas visam fortalecer o consumo doméstico, que representa mais da metade do PIB.

A Indonésia enfrenta desafios específicos em sua trajetória de crescimento. O investimento estagnado e o consumo das famílias mais fraco no primeiro trimestre exigem atenção governamental. Porém, as perspectivas para a segunda metade do ano são otimistas.

Fatores que explicam a ascensão dos mercados emergentes

Diversos elementos convergem para impulsionar esses mercados. Países como Vietnã e Índia oferecem alternativas à China para indústrias de mão de obra intensiva, como vestuário, eletrônicos e autopeças. A diversificação de cadeias produtivas globais beneficia essas economias.

A demografia favorável representa vantagem competitiva crucial. Populações jovens, crescentes e cada vez mais qualificadas alimentam tanto a produção quanto o consumo. Milhões de pessoas ingressam anualmente na classe média, expandindo mercados internos.

A adoção digital acelerada transforma setores tradicionais. Startups locais de tecnologia financeira, educação e saúde criam soluções inovadoras. Essas empresas frequentemente dispensam infraestrutura tradicional, aproveitando conectividade móvel e soluções em nuvem.

Investimentos em infraestrutura também fazem diferença. Portos, rodovias e sistemas logísticos modernos facilitam o comércio internacional. Esses aprimoramentos tornam os países mais competitivos na atração de investimentos produtivos.

Desafios e oportunidades para investidores

Os mercados emergentes oferecem retornos potencialmente elevados. Os mercados emergentes estão com valuations comprimidos, moedas depreciadas e ainda com expectativas de crescimento atrativas. Esse tripé atrai investidores globais em busca de diversificação.

A fragmentação geopolítica global reforça o interesse nesses mercados. Gestores institucionais estão repensando sua exposição concentrada em mercados desenvolvidos e enxergando nos emergentes não só retorno, mas também diversificação estrutural. Esse movimento redistribui capitais pelo planeta.

Porém, riscos significativos existem. Volatilidade política, mudanças regulatórias abruptas e flutuações cambiais representam desafios. Investidores precisam avaliar cuidadosamente cada mercado antes de alocar recursos.

A dependência de commodities ainda caracteriza muitas economias emergentes. Oscilações nos preços internacionais de matérias-primas afetam diretamente receitas fiscais e balanços comerciais. Diversificação econômica continua sendo prioridade estratégica.

Integração comercial e acordos regionais

A cooperação regional fortalece esses mercados. Blocos econômicos como a ASEAN facilitam comércio e investimentos entre países vizinhos. Acordos bilaterais e multilaterais expandem oportunidades para empresas locais.

A China permanece parceiro comercial relevante, embora sua própria economia enfrente desaceleração. Isso cria oportunidades para que Índia, Vietnã e Indonésia capturem participação de mercado em setores específicos.

As tensões comerciais entre grandes potências também beneficiam essas economias. Empresas buscam reduzir riscos geopolíticos diversificando locais de produção. Essa tendência, conhecida como “China plus one”, direciona investimentos para outros países asiáticos.

Perspectivas para os próximos anos

As projeções de longo prazo permanecem positivas. As 24 economias consideradas emergentes corresponderam a 50% do PIB global em 2022, e representaram 66% do crescimento do PIB mundial entre 2012 e 2022. Essa participação crescente reflete mudança estrutural na economia global.

A transformação digital continuará acelerando. Tecnologias como inteligência artificial, automação e energia limpa oferecem novas oportunidades de crescimento. Países que investirem nessas áreas colherão benefícios econômicos substanciais.

Desafios ambientais exigem atenção urgente. Crescimento sustentável, que equilibre expansão econômica com preservação ambiental, torna-se imperativo. Investimentos em energia renovável e práticas agrícolas de baixo carbono ganham relevância.

A educação e qualificação profissional permanecem fundamentais. Preparar a força de trabalho para empregos do futuro determina a capacidade de sustentar crescimento elevado. Reformas educacionais e programas de capacitação são essenciais.

O papel do Brasil nesse contexto

O Brasil compartilha características com esses mercados emergentes asiáticos. Como grande exportador de commodities e economia em desenvolvimento, o país compete por investimentos internacionais. Porém, diferenças importantes existem.

A produtividade brasileira cresce mais lentamente que a dos concorrentes asiáticos. Gargalos infraestruturais, burocracia pesada e reformas incompletas limitam o potencial econômico nacional. Aprender com os casos de sucesso asiáticos pode acelerar o desenvolvimento brasileiro.

Oportunidades de cooperação também surgem. Setores como agronegócio, tecnologia, energia sustentável e indústria criativa carregam a identidade cultural brasileira, cada vez mais valorizada. Parcerias estratégicas podem beneficiar ambos os lados.

O Brasil precisa acelerar reformas estruturais para competir globalmente. Simplificação tributária, investimentos em educação e modernização infraestrutural são prioritários. A janela de oportunidade demográfica não permanecerá aberta indefinidamente.

Fontes: Stripe, J.P. Morgan Private Bank, Rankia, InvesTalk, Nord Investimentos, O Maringa, MUST University, Exame, CNN Brasil, CPG Click, Vietnam, PC do B, Revista Fórum, Vietnã Hoje, Invezz, Investing.com, Superfinanças

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