Lajes Corporativas: A Nova Era do Imobiliário

O mercado de lajes corporativas no Brasil atravessa uma transformação profunda que redesenha o cenário imobiliário nacional.

O mercado de lajes corporativas no Brasil atravessa uma transformação profunda que redesenha o cenário imobiliário nacional. Após anos de incertezas provocadas pela pandemia, o setor demonstra sinais claros de recuperação operando sob novas regras e demandas.

São Paulo Lidera a Recuperação do Mercado Imobiliário

A capital paulista registrou taxa de vacância de 19,51% no primeiro trimestre de 2025, pela primeira vez abaixo de 20% desde a pandemia. Esse marco representa um ponto de virada importante para o setor de escritórios corporativos.

Regiões nobres como Faria Lima e Chucri Zaidan mantêm índices ainda mais impressionantes. A vacância nessas áreas procuradas gira em torno de 9%, indicando forte demanda por espaços corporativos de qualidade.

O BTG Pactual projeta perspectivas positivas para 2025, destacando queda consistente na taxa média de vacância das lajes corporativas de alto padrão. A Faria Lima segue valorizada, com preços médios de R$ 260 por metro quadrado, chegando a R$ 330/m² em edifícios recém-entregues.

Flight-to-Cost: Empresas Buscam Localizações Mais Econômicas

Uma tendência importante surge no mercado imobiliário corporativo: o movimento conhecido como flight-to-cost. Empresas buscam imóveis mais acessíveis em regiões menos valorizadas, criando oportunidades interessantes para investidores atentos.

Localidades como Chucri Zaidan, na Marginal Pinheiros, oferecem preços mais competitivos que áreas tradicionais como Pinheiros e Vila Olímpia. Essas regiões mantêm boa infraestrutura e conectividade, tornando-se alternativas atrativas para empresas conscientes de custos.

Regiões com maior vacância tendem a se beneficiar gradualmente à medida que empresas buscam alternativas mais econômicas. Esse movimento pode levar a ajustes importantes nos valores de locação e venda, beneficiando tanto locadores quanto locatários.

Trabalho Híbrido Transforma o Conceito de Escritório

O trabalho híbrido está se consolidando como realidade permanente no mercado corporativo brasileiro. Pesquisas mostram que 81% dos líderes empresariais no Brasil afirmam que pretendem manter algum grau de trabalho híbrido em suas operações.

Dados globais revelam que apenas 1% dos colaboradores de empresas da Fortune 100 trabalham 100% remotamente atualmente. Enquanto isso, 74% adotam regime híbrido com presença média de 3,4 dias por semana no escritório.

O escritório físico está se transformando em centro de colaboração e conexão, deixando de ser apenas local de controle. Empresas investem na reformulação de seus espaços para fomentar interações significativas, criatividade e inovação.

Principais Riscos Para Investidores em Lajes Corporativas

A taxa Selic elevada em 15% ao ano representa o primeiro desafio significativo para o setor. Juros altos reduzem a atividade econômica e diminuem a expansão de instalações corporativas.

Estudos internacionais estimam que o setor imobiliário corporativo pode perder US$ 800 bilhões até 2030 devido às mudanças nos padrões de trabalho. Essa projeção exige atenção redobrada de investidores e gestores de fundos imobiliários.

Fundos imobiliários de lajes corporativas mantêm-se descontados, com P/VP médio de 0,62x. Esse indicador representa quase 40% de desconto em relação ao valor patrimonial, reflexo das incertezas do mercado.

Patamares de alavancagem altos e portfólios carentes de imóveis de qualidade pesam sobre os FIIs, segundo análise do Itaú BBA. A seletividade na escolha de ativos torna-se fundamental para investidores que buscam retornos consistentes.

ESG: Sustentabilidade Como Diferencial Competitivo

Práticas de ESG tornam-se cada vez mais determinantes no mercado de lajes corporativas. Empresas buscam certificações de sustentabilidade, eficiência energética e espaços que promovam bem-estar de colaboradores.

Edifícios com tecnologia de ponta, sistemas de climatização eficientes e espaços verdes ganham preferência entre locatários corporativos. Esses ativos tendem a manter taxas de ocupação mais elevadas e menor oscilação de preços.

A Resolução 193 da CVM posiciona o Brasil como pioneiro na adoção dos padrões internacionais de sustentabilidade. Empresas precisarão demonstrar como práticas ESG influenciam diretamente seus resultados financeiros, incluindo a escolha de escritórios.

Prédios sem certificações ambientais tendem a perder competitividade rapidamente no mercado atual. Investidores devem priorizar ativos alinhados com critérios de sustentabilidade para garantir valorização no longo prazo.

Retrofit de Prédios: Estratégia de Valorização Imobiliária

O retrofit de prédios mais antigos ganha força como estratégia de valorização no mercado corporativo. A modernização de edifícios pode traduzir-se em ganhos significativos para proprietários dispostos a investir em ativos mais maduros.

Essa prática torna-se alternativa interessante em mercado com alta taxa de vacância em determinadas regiões. Edifícios reformados conseguem competir com lançamentos oferecendo preços mais atrativos.

Empresas como a Rio Bravo desenvolveram a estratégia Plug and Play, entregando para locatários layout completo, mobília e infraestrutura elétrica pronta. Essa abordagem reduz custos e prazos de instalação, tornando a locação mais atrativa especialmente para empresas em expansão.

Onde Investir em Escritórios Corporativos em 2025

Analistas do BTG Pactual recomendam exposição a fundos com ativos em regiões resilientes como Faria Lima, Pinheiros e Vila Olímpia. Essas localidades mantêm demanda consistente e menor volatilidade de preços.

Oportunidades interessantes surgem também em áreas com maior vacância, onde ajustes de preços podem gerar retornos atrativos no médio prazo. Investidores com perfil mais arrojado podem encontrar boas oportunidades nessas regiões.

Fundos como PVBI11 e BRCR11 aparecem em carteiras recomendadas devido à qualidade de seus portfólios e gestão ativa. Esses FIIs possuem ativos bem localizados e inquilinos de qualidade.

Empresas de tecnologia e consultorias lideram a demanda atual por espaços corporativos. Edifícios localizados próximos a ecossistemas de inovação tendem a manter taxas de ocupação mais elevadas.

Perspectivas Para o Mercado Imobiliário Corporativo em 2025

Especialistas mantêm cautela otimista para o restante do ano. Embora a atividade econômica mais fraca e a entrega de novos empreendimentos possam pressionar o mercado, as perspectivas permanecem favoráveis.

O regresso gradual aos escritórios e a consolidação do modelo híbrido sustentam a demanda por espaços corporativos de qualidade. A frequência de dias no escritório está aumentando gradualmente em diversas empresas.

A diversificação geográfica torna-se estratégia cada vez mais relevante para investidores. Enquanto São Paulo mantém protagonismo absoluto, cidades como Rio de Janeiro também apresentam movimentos positivos.

No Porto, o take-up de escritórios bateu recordes históricos, superando 75.000 metros quadrados. Esse dado demonstra que oportunidades existem além do eixo paulista para investidores atentos.

Conclusão: Navegando a Nova Era do Imobiliário Corporativo

O mercado de lajes corporativas atravessa período de profunda reestruturação, combinando recuperação com transformação. Investidores e empresas precisam navegar esse cenário com estratégia, identificando oportunidades enquanto gerenciam riscos inerentes ao momento de transição.

Aqueles que souberem adaptar-se às novas demandas por flexibilidade, sustentabilidade e qualidade dos ativos estarão melhor posicionados para prosperar. A nova era do imobiliário corporativo brasileiro exige visão estratégica e capacidade de antecipação de tendências de mercado.

Fontes: Money Times, FIIs.com.br, Acionista, Exame, NeoFeed, Meio & Mensagem, Observador, Economic News Brasil, Extra Consult, Carbon Free Brasil, FGV In Company, We.Flow

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