Copom mantém Selic em 15%: mercado se prepara

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano durante sua reunião de novembro de 2025.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano durante sua reunião de novembro de 2025. A decisão, tomada nos dias 4 e 5 deste mês, representa o maior patamar da taxa básica de juros desde julho de 2006 e confirma as expectativas do mercado financeiro.

Terceira Manutenção Consecutiva Reforça Estratégia do BC

Esta foi a terceira vez consecutiva que o Copom optou por não alterar a taxa Selic. O comitê reforçou que a estratégia de manter os juros elevados por período prolongado permanece necessária para assegurar que a inflação converja para a meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.

No comunicado divulgado após a reunião, os diretores do Banco Central enfatizaram que o atual nível de juros é suficiente para controlar os preços. Contudo, ressalvaram que não hesitarão em retomar o ciclo de ajuste caso seja necessário, demonstrando vigilância diante das incertezas econômicas.

A ata da reunião, publicada no dia 11 de novembro, trouxe mudanças sutis em relação aos encontros anteriores. Enquanto antes o colegiado afirmava estar avaliando se a manutenção seria suficiente, agora declara categoricamente que a taxa atual garante a convergência inflacionária no horizonte relevante.

Projeções Indicam Inflação Acima da Meta em 2025

As projeções do Banco Central indicam que a inflação acumulada em 12 meses deve alcançar 4,6% em 2025, superando o teto da meta contínua fixado em 4,5%. Para 2026, a estimativa é de 3,6%, enquanto para o segundo trimestre de 2027, considerado o horizonte relevante da política monetária, a expectativa é de 3,3%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,17% nos últimos 12 meses. Embora tenha havido algum arrefecimento recente, os preços ainda pressionam as famílias brasileiras, justificando a postura restritiva do Banco Central.

O relatório Focus, que consolida as expectativas do mercado financeiro, apresentou leve melhora nas últimas semanas. A projeção de inflação para 2025 recuou de 4,72% para 4,55%, mas o índice permanece acima do limite superior tolerável.

Cenário Internacional Aumenta Pressão Sobre Política Monetária

O Copom destacou que o ambiente internacional segue marcado por incertezas, principalmente relacionadas à conjuntura econômica dos Estados Unidos, que geram reflexos nas condições financeiras globais. O comitê mencionou dificuldades para avaliar a política do Federal Reserve e está acompanhando os anúncios sobre possível imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil.

Essas tensões geopolíticas exigem cautela adicional dos países emergentes, reforçando a postura conservadora do Banco Central brasileiro. No cenário doméstico, os dados indicam trajetória de moderação no crescimento econômico, embora o mercado de trabalho ainda apresente dinamismo considerável. Essa combinação mantém pressões sobre os preços, especialmente no setor de serviços.

Mercado Projeta Manutenção da Selic em 15% Até o Final de 2025

Os analistas consultados pelo Focus mantiveram a projeção de Selic em 15% até o final de 2025 pela vigésima semana consecutiva. Para 2026, esperam reduções graduais até 12,25%, seguidas de 10,50% em 2027. O mercado prevê que o ciclo de cortes deve começar apenas a partir de março do próximo ano.

Especialistas ressaltam que a manutenção prolongada dos juros elevados beneficia aplicações em renda fixa, como CDBs, LCIs, LCAs e fundos dedicados, que continuam oferecendo rentabilidade atraente. Por outro lado, o crédito permanece caro para consumidores e empresas, desestimulando o consumo e os investimentos produtivos.

A cotação do dólar também reflete essa dinâmica. As projeções apontam para R$ 5,41 no fim de 2025 e R$ 5,50 em 2026. Juros altos tendem a atrair capital estrangeiro, dando suporte ao real.

BC Monitora Impactos da Ampliação da Isenção do Imposto de Renda

O Copom incorporou estimativas preliminares sobre a ampliação da isenção do Imposto de Renda em suas projeções, mas considera essas avaliações bastante incertas. O comitê afirmou que acompanhará os dados para calibrar adequadamente os impactos dessa medida fiscal.

Essa postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes. Medidas fiscais e creditícias que poderiam gerar discrepâncias acabaram não provocando divergências relevantes, levando o BC a manter sua estratégia de aguardar confirmações antes de agir.

Mercados Reagem Positivamente à Ata do Copom

Após a divulgação da ata, os juros futuros negociados na bolsa atingiram as mínimas de 2025. Investidores interpretaram o documento como sinalizador de possível flexibilização à frente, impulsionando o Ibovespa para uma sequência de recordes históricos. O retorno de investidores à bolsa levou o principal índice brasileiro para patamares superiores a 157 mil pontos, refletindo otimismo com eventual início do ciclo de cortes em 2026.

Analistas avaliam que o cenário atual favorece estratégias diversificadas. Enquanto a renda fixa oferece segurança e rentabilidade, ações de empresas menos dependentes de crédito também atraem interesse, exigindo planejamento financeiro cuidadoso dos investidores.

Próximas Reuniões e Perspectivas Para 2026

Resta ainda a última reunião do Copom em 2025, marcada para os dias 9 e 10 de dezembro. A expectativa majoritária é de manutenção da taxa em 15%, mas sinais de desaceleração mais acentuada da inflação poderiam antecipar discussões sobre cortes.

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, tem sinalizado compromisso com o controle inflacionário ao mesmo tempo em que busca suavizar flutuações na atividade econômica e fomentar o pleno emprego. Esse equilíbrio delicado exige comunicação clara com o mercado.

Impactos no Setor Real e na Economia

Para a população, os impactos dos juros elevados aparecem claramente no cotidiano. Empréstimos pessoais, financiamentos imobiliários e compras parceladas ficam mais caros, desestimulando o consumo e desacelerando a economia. Por outro lado, poupadores se beneficiam de rendimentos atrativos em aplicações financeiras, com títulos públicos, fundos de renda fixa e CDBs oferecendo retornos reais positivos que protegem o poder de compra.

Empresas enfrentam custos de capital mais elevados, o que pode adiar investimentos produtivos. Setores dependentes de crédito, como construção civil e varejo de bens duráveis, sentem pressão adicional, contribuindo para a moderação do crescimento econômico.

A estratégia do Banco Central prioriza a estabilidade de preços no longo prazo. Embora gere custos no curto prazo, busca evitar que a inflação volte a descontrolar. A convergência da inflação à meta no segundo trimestre de 2027 depende da manutenção da taxa restritiva, mas fatores externos podem alterar esse cenário rapidamente.

O mercado financeiro segue atento aos próximos indicadores econômicos. Dados de emprego, atividade e inflação nortearão as expectativas para 2026, enquanto a taxa Selic permanece no maior patamar em quase duas décadas.

Fontes: AgenciaBrasil.ebc, DGABC, TribunaDoSertao 1, JornalDaCapital, TribunaDoSertao 2, TribunaDeMinas, Santander, FolhaDeCuritiba, MeusConteudos, ADVFN, DGABC 2, SeuDinheiro, OEspecialista, Levycam, CNNBrasil

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